As obras nascem da imaginação, que por sua vez recria a realidade misturando a biografia do escritor com a bibliografia que o influenciou.O que sou está em cada personagem que escrevi, protagonistas, coadjuvantes ou vilões. Plagiando Flaubert, digo que sou todos os personagens que fiz, em maior ou menor medida. Inspirando-me em Cecília Meireles, afirmo que inventei, em maior ou menor grau, todos os episódios que estão nos meus contos. Enfim, os contos do livro são fictícios, nasceram do ventre da minha imaginação. No DNA de cada conto estão presentes reflexões e percepções próprias derivadas da minha vida, das vidas de pessoas com quem convivi ou de outras vidas que conheci através de livros, revistas, jornais, etc,. 7. Houve um tempo em que os escritores trabalhavam nos bastidores. Seu papel era, basicamente, escrever, enviar o livro para a editora e, a partir daí, deixar a editora fazer o restante do trabalho (edição, lançamento, divulgação, distribuição, etc.). Atualmente este cenário mudou, e cada vez mais vemos escritores participando ativamente de todo o processo editorial de sua obra, atuando na edição, na revisão, no projeto gráfico, na divulgação e distribuição. Não seria errado dizer que o autor, muitas vezes, trabalha também como editor, realizando as funções que antes eram apenas da editora. Em sua opinião, o envolvimento do escritor com o processo editorial de sua obra é positivo para o escritor, ou serve somente para sobrecarregá-lo? Sobrecarrega. Porém, é muito importante. Participar da revisão do livro dá ao escritor maior controle sobre a versão final. E ainda, analisando as ponderações do editor, constatamos algumas deficiências nos originais, alguns pontos que não ficaram suficientemente claros, outros desnecessários. Acho muito importante e enriquecedora a interação entre editor e escritor. 8. É comum, nos dias atuais, os escritores aproximarem-se efetivamente de seus leitores e possíveis leitores, através das redes sociais, de feiras literárias, visitando escolas e realizando atividades em campo. Os escritores estão saindo de seus escritórios, da frente de seus computadores, e indo ao encontro do leitor. Na sua visão, o convívio direto entre leitor e escritor é benéfico para o escritor? Sim. É muito gratificante ver que outras pessoas apreciam o que escrevemos, e saber quais foram as impressões delas sobre nossas obras. Às vezes, algumas percepções coincidem com o que tínhamos em mente. Outras vezes, não. Já vi alguns leitores citarem autores que nunca li, como se eu tivesse me inspirado neles. É muito interessante. Recentemente, inaugurei uma página de escritor na internet, onde publico alguns poemas de gaveta e outros rascunhos literários. Desta forma, me aproximo do público mesmo sem estar fisicamente presente. Por outro lado, precisamos de solidão para criar, e de tempo para viver. Então, é importante equilibrar este contato com os leitores com as prioridades da vida (que são, no meu caso, a convivência familiar, a minha profissão como advogado e a literatura). 9. O ofício da escrita é bastante solitário e silencioso – em oposição ao trabalho de lançamento da obra, onde o autor fica em contato com dezenas de pessoas, participa de eventos, concede autógrafos e entrevistas. Como você contrabalança a solidão e o silêncio da escrita com a superexposição do lançamento? Não me exponho tanto em feiras literárias. Quando lanço livros, há a noite de autógrafos (que não me toma muito tempo). Além disso, os encontros presenciais que faço com leitores geralmente ocorrem em ambientes menores, mais intimistas. Não são tão frequentes assim. Quanto à solidão, ela é um ingrediente indispensável à literatura. Como dizia Goethe: “O caráter se forja na multidão, o talento na solidão”. Logo, tento reservar um tempo diariamente para a literatura (seja para ler um bom livro, seja para escrever um pouco). Claro, nem todo dia consigo. A vida tem suas limitações. 10. Que livro você está lendo neste exato momento? E qual livro você sempre relê? Acabei recentemente a leitura de “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, que li juntamente com “A orgia perpétua”, de Mario Vargas Llosa (um ensaio sobre “Madame Bovary”, e a vida de seu autor). Agora, estou no início do livro “Doutor Fausto”, de Thomas Mann. Sempre releio Fernando Pessoa, principalmente o poema “Tabacaria”. Quando estou desanimado, releio também um trecho do livro “A correspondência de Fradique Mendes”, de Eça de Queiróz. Releio o capítulo que fala sobre o personagem Pacheco. Gosto de ler também, com frequência, os sermões do Padre Antônio Vieira. 11. E para encerrar, já existe outro livro em incubação, Paulo? Caso sim, fale sobre ele. Sim. Será um romance policial. Há alguns meses comecei a escrever o roteiro do livro. No momento, estou lapidando os personagens, os motivos e os álibis de cada um, detalhando o enredo, tentando conectar os laços ainda soltos na sua coerência interna....Quando acabar o roteiro, no ano que vem, começarei a redigir os capítulos. Até lá, tomara que eu já esteja bem familiarizado com o Scrivener. Pelo que me disseram e pelo que li, estou convencido que este software facilita bastante o trabalho do escritor. Enfim, espero finalizar o livro até o ano de 2.020. 12. Bate-Bola • Livro: “Os irmãos Karamazóv”, de Fiodor Dostoiésvki • Escritor(a): Vou prestigiar um brasileiro. Nelson Rodrigues. • Vício: Comida • Poesia: Fernando Pessoa e os sonetos de Camões • Ídolo: Winston Churchill • Música: My way • Trabalho: Advocacia e literatura, amo as duas profissões • Paixão: Minha família • Indignação: A violência • Fé: Sou católico • Literatura: Meu caso extraconjugal • Desconforto: A precariedade da vida • Inesquecível: O nascimento dos meus dois filhos
Blog do Paulo Ouricuri
Blog de poesias próprias (protegidas pelos direitos autorais) e de autores clássicos
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Entrevista de Jana Lauxen com o escritor Paulo Ouricuri Autor das obras A confissão e outros contos cariocas e Da eloquência das lápides e outros poemas
1. Para iniciar nossa conversa, peço que o leitor Paulo Ouricuri descreva em cinco palavras o escritor Paulo Ouricuri? Desculpe-me, o leitor vê que o escritor está evoluindo ainda. Pulo a primeira pergunta.
2. Cinco anos após publicar seu primeiro livro, A Triste História do Índio Juca (Editora Biblioteca 24horas), você está lançando simultaneamente seu quarto e quinto livro, A confissão e outros contos cariocas e Da eloquência das lápides e outros poemas (Editora Novo Século).
Quais as principais diferenças entre o escritor Paulo Ouricuri de 2011 e o escritor Paulo Ouricuri de 2016? Basicamente maturidade. Estou também mais consciente das minhas limitações e vícios a combater. Percebo com mais nitidez o que devo melhorar embora, em literatura, seja espinhoso estabelecer com segurança uma fronteira entre o certo e o errado. Constatei que a disciplina é muito mais importante do que a inspiração. Além disto, sinto mais prazer em escrever, o que me excita a continuar escrevendo. No entanto, meu próximo livro terá uma gestação mais longa. Será um romance. Preciso planejar bem o seu enredo, e reescrevê-lo quantas vezes for necessário para que atenda às minhas atuais expectativas. Pretendo terminá-lo até o ano de 2.020.
3. Após quatro livros de poesia, você lança A confissão e outros contos cariocas, seu primeiro livro de contos. Por que você optou por se aventurar em um novo gênero literário, e como foi o processo de criação dos oito contos reunidos na obra? Escrevo porque gosto de escrever. Não sei aonde a carreira de escritor irá me levar, isso é o que menos importa. Mas pretendo continuar escrevendo. Quanto à pergunta, vejo o processo de criação de poemas como sendo análogo ao de fotografar impressões variadas. Nos meus livros, há poemas antagônicos entre si. É um sinal de incongruência, por certo, mas representa também que, quando fazia determinado poema, estava tentando expressar uma impressão momentânea, que não necessariamente reflete o que penso. Mas o salto da poesia para a prosa surgiu porque resolvi contar estórias. Este é o motivo do meu novo atrevimento literário. Quanto aos contos, primeiro elaborei um breve roteiro de cada um deles. Depois, fui acrescentando detalhes ao roteiro de cada qual. Após certo tempo, comecei a elaborar conto a conto, tendo como base os roteiros feitos. Escrevi e reescrevi os contos várias vezes. Durante a elaboração dos contos, li ainda contos de Machado de Assis, Horácio Quiroga, Tchekhov, Eça de Queiroz, Monteiro Lobato, Ernest Hemingway, e mais um ou outro autor. Em síntese, este foi o processo de criação dos oito contos reunidos nas obras.
4. Segundo pesquisas do Ibope, o brasileiro lê, em média, 2.1 livros por ano. 70% não leu sequer um livro em 2014. 75% nunca frequentou uma biblioteca. Na sua visão, qual é o papel do escritor neste cenário aparentemente desolador? O papel do escritor é o de escrever obras que cativem o leitor. Particularmente, acho importante que se façam obras que dialoguem com a atualidade e seus dilemas. O nosso tempo precisa legar o seu registro na literatura. Sei que deixaremos filmes, músicas, toneladas de programas de televisão, mas livros têm importância peculiar. Eles penetram na intimidade da consciência humana. Nós, nascidos no fim do século XX e que vivemos no início do século XXI, precisamos contar às próximas gerações como fomos afetados pelas drásticas mudanças tecnológicas. A máquina de escrever morreu, várias tecnologias invadiram nosso cotidiano, assistimos ao sepultamento dos jornais impressos. Hoje, dez minutos tornam uma notícia velha. A internet devassa vidas privadas, nos aproxima de quem está longe, e nos afasta de quem está perto. Os emoticons são o inesperado alfabeto do esperanto que vingou. Qualquer acontecimento socialmente relevante automaticamente gera memes, hashtags e postagens em redes sociais que nos coagem a, de forma precipitada e irrefletida, aderir a certos posicionamentos. Penso que uma das vítimas da modernidade é a reflexão. A reflexão requer coragem e paciência. Coragem para eventualmente discordar do mainstream, ou de grupos ou pessoas influentes ou queridas (mesmo que você não externe sua opinião). Paciência para estudar e desbravar calmamente, dentro da selva de informações que nos chega, o que é verdadeiro, o que é relevante, o que é justo.
Neste ambiente moderno, a literatura sofre concorrência feroz. Vivemos no mundo das informações rápidas e breves. Temos o Twitter, Facebook, Whatsapp, e outras redes sociais que primam pela velocidade e brevidade. Creio que isto estimule a preguiça intelectual. Assim, considerando os muitos estímulos que recebemos das mídias sociais, atualmente é mais difícil perseverar e manter a concentração intelectual necessária para se concluir a leitura de um bom livro.
5. Seguindo este raciocínio, sabemos que as editoras brasileiras recebem mais originais do que são capazes de vender livros. Não é raro uma editora receber 40 originais em uma semana e, neste mesmo espaço de tempo, não vender ao menos um livro. Vivemos em um país com mais escritores do que leitores, Paulo? Não acredito. Acredito que temos autores que leem pouco. Neste ponto, penso também que parte do problema reside no fato de que a internet dissemina muitas obras gratuitamente. Isto é bom por um lado (digo quando as obras já caíram em domínio público), mas por outro lado prejudica as editoras e os autores (até mesmo pela pirataria digital), o que é muito ruim.
6. É certo dizer que todo escritor se inspira muito na vida, no dia a dia, no cotidiano, para escrever. Gostaria de saber quanto há de você, e das pessoas que lhe rodeiam, em suas obras? Gustave Flaubert, quando foi processado por atentado à moral pública por escrever o livro “Madame Bovary”, foi indagado pelos juízes acerca da verdadeira identidade de Emma Bovary (a adúltera protagonista do romance). Sua resposta foi: “Madame Bovary sou eu”. Por outro lado, Cecília Meireles diz num poema que: “a vida só é possível/ reinventada”. Em suma, me inspiro no que vejo, no que sou e no que leio para escrever.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Noite de autógrafos dos livros "A confissão e outros contos cariocas" e "Da eloquência das lápides e outros poemas"
Noite de autógrafo dos livros "A confissão e outros contos cariocas" e "Da eloquência das lápides e outros poemas" Autor: Paulo Ouricuri - Dia 7 de dezembro de 2016 - 20 horas - Livraria Saraiva - Shopping Rio Sul - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ
domingo, 20 de novembro de 2016
Página pessoal no Facebook
Tenho agora uma página pessoal de escritor no Facebook. Quem quiser conhecê-la, basca procurar por "Paulo Ouricuri". Abraços a todos!
domingo, 6 de novembro de 2016
Lançamento, pela Editora Novo Século, do livro “Da eloquência das lápides e outros poemas”, de Paulo Ouricuri
Por que poesia? Cecília Meireles responde em versos: “Mas a vida, a vida, a vida,/ a vida só é possível/reinventada”.
O livro de poemas “Da eloquência das lápides e outros poemas”, novo lançamento da Editora Novo Século, foi dividido em três capítulos. Três esferas que representam estratos distintos da experiência humana: a esfera íntima (o poeta e seu mundo interior), a esfera social (o poeta em contato com a sociedade) e a esfera espiritual (o poeta e a sua relação com a Divindade, sob a perspectiva cristã). Não obstante, as três esferas não são excludentes, e se interpenetram. Na obra, elas serviram basicamente como critério para organização dos poemas.
Os poemas seguem por veredas entrecortadas por percepções variadas, assumindo multímodas formas. O leitor atento perceberá a influência dos poetas Mário Faustino (1930/1962) e Alberto da Cunha Melo (1942/2007), pelo estilo de muitas composições.
Particularmente de Alberto da Cunha Melo, percebe-se sua nítida influência nas “retrancas” (forma fixa de poetar por ele criada, com onze versos octassílabos, divididos em quatro estrofes com quatro, dois, três e dois versos respectivamente, geralmente com um par de rimas em cada estrofe), além das renkas, forma poética japonesa que repete os dísticos finais da estrofe precedente na seguinte.
Outros grandes expoentes da poesia em língua portuguesa também serviram de inspiração, como Drummond, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa e Camões. Personalidades são homenageadas em poemas, além do filme “Casablanca” e o livro “Os irmãos Karamazov”, de Fiódor Dostoiévski.
Para que poesia? Novamente Cecília Meireles: “E por perder-me é que vão me lembrando/ por desfolhar-me é que não tenho fim”.
Vendas: http://www.buscape.com.br/da-eloquencia-das-lapides-e-outros-poemas-paulo-ouricuiri-8542808541
Lançamento, pela Editora Novo Século, do livro “A confissão e outros contos cariocas”, de Paulo Ouricuri
“Todos os gêneros de felicidade se parecem, mas cada desgraça tem o seu caráter peculiar”. (Liev Tolstói)
A frase inaugural do livro “Ana Karenina”, de Tolstói, é uma bela epígrafe para os oito contos e crônicas deste livro. Em circunstâncias diversas, por motivos distintos, os personagens da obra sofrem num mundo onde, como diria Sartre, “O inferno são os outros”. Conflitos e frustrações que expõem com nitidez as fraturas interiores de pessoas comuns, que nunca ouviram o conselho de São Josemaria Escrivá: “Chocas com o caráter deste ou daquele...Tem de ser assim necessariamente; não és moeda de ouro que a todos agrade”.
Assim, as relações humanas são o foco principal dos enredos, ambientados na cidade do Rio de Janeiro. Após iniciar o primeiro conto com um breve ensaio sobre o Convento de Santo Antônio e sua História, o autor se entranha no mundo interior e no relacionamento dos personagens, esforçando-se por retratar, na profundidade possível, a experiência humana. Isto porque, nas palavras de Henry James: “A experiência nunca é limitada e nunca é completa; ela é uma imensa sensibilidade, uma espécie de vasta teia de aranha, da mais fina seda, suspensa no quarto de nossa consciência, apanhando qualquer partícula do ar em seu tecido”.
O segundo conto trata das desventuras de um jovem aspirante a poeta. O terceiro relata o estranhamento de um homem num mundo remotamente familiar. Do quarto ao sétimo contos, são postas em evidência as relações afetivas, passando pelas fases da sedução, da paixão, do amor e da desilusão. O último texto é uma crônica sobre um inusitado Papa brasileiro.
As narrativas são fluidas e elegantes, com pitadas de ironia e sarcasmo que lembram os estilos de Machado de Assis, Eça de Queiroz e Tchekhov. Enfim, boas surpresas aguardam o leitor no livro “A confissão e outros contos cariocas”.
Vendas:
https://www.zoom.com.br/livros/a-confissao-e-outros-contos-cariocas-ouricuiri-paulo-9788542808537
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
A Pegada e a Batida da Poesia de Paulo Ouricuri Por Jana Lauxen.
Definir se uma poesia é boa ou ruim é tarefa complicada. Eu acredito que, ou ela bate, ou ela não bate. Ou determinado poema te pega, ou não. E o que bate para mim, pode não bater para você, enquanto o que pega você, talvez seja irrelevante para mim. Isso por que somos pessoas diferentes, com histórias e personalidades também diferentes.
No entanto, determinar se uma poesia possui qualidades gramaticais e literárias – ou não – já não é tão complicado assim. Afinal, percebe-se facilmente quando um autor conhece sua língua pátria, e sabe como aproveitar-se dela, como organizar suas palavras de maneira intensa e expressiva. Nota-se quando o poema não foi simplesmente arremessado no papel, displicentemente e sem cuidado algum; fica claro quando a poesia foi trabalhada, elaborada, aperfeiçoada, repensada. Ou, resumidamente: são notáveis as diferenças entre um autor que possui profundidade e conteúdo, e outro, mais raso e vazio.
E isto independe de nossos gostos pessoais. Um poema que não bateu e nem me pegou pode ter predicados literários indiscutíveis, enquanto outro, mais superficial e talvez até bobo, pode significar muito para mim.
No entanto, recentemente tive a oportunidade de ler uma coletânea de poesias que, em minha opinião, reuniu ambas as características aqui citadas: trata-se de um livro de poemas que me pegou e me bateu, e ainda por cima me ofereceu um conteúdo forte e inteligente, que tornaram a pegada e a batida ainda mais contundentes.
Falo da obra A Poesia nos Poentes do Silêncio, do escritor carioca Paulo Ouricuri, lançada pela Editora Novo Século em novembro de 2014. O livro reúne 60 poemas escritos ao longo do último ano, e aborda assuntos dos mais variados, como a imprevidência, os mistérios, a realidade, o destino, o milagre, as orquídeas, as fotografias, o ontem. E, claro: o silêncio.
Além da pluralidade de temas – tornando improvável que não nos identifiquemos em um determinado momento – é interessante também a pluralidade estrutural dos poemas, fazendo com que tenham um significado único e sensorial para cada leitor.
Aliás, é impossível não perceber a importância e a distinção que Paulo Ouricuri reserva aos seus leitores, que literalmente passam a fazer parte de sua obra, reescrevendo e multiplicando os significados de sua própria poesia. Passando a atuar como protagonista e colaborador direto, torna-se necessário definir o leitor para definir o livro.
O interessante é que Paulo reconhece a grande variedade de sentidos que sua poesia poderá adquirir no momento em que passar a ser consumida por diferentes leitores, cada qual com uma história e uma personalidade diferente. E esta aparente falta de controle, sobre os significados que seus poemas assumirão, não incomoda o autor. Muito pelo contrário. É celebrada por Paulo em cada ponto-final que fica em aberto, como um convite para que o leitor dê sua contribuição ao poema, ampliando seus sentidos e suas definições.
Por tudo isso, recomendo fortemente a leitura do livro A Poesia nos Poentes do Silêncio, do escritor Paulo Ouricuri.
Por que, independente de quais poemas te pegarão, e de quais baterão com força em sua personalidade e em seus sentimentos, o certo é que todos trazem em sua composição e em sua estrutura a beleza e o ritmo que somente poetas intensos e diferenciados são capazes de produzir.
Sobre a autora:
Jana Lauxen é editora, produtora cultural e escritora, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (2009) e O Túmulo do Ladrão (2013). Contato: www.janalauxen.com / osdezmelhores@gmail.com
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Lançamento do livro A Poesia nos Poentes do Silêncio Por Jana Lauxen.
“Estou sem palavras”.
Eis uma frase que costumamos proferir sempre que nos sentimos arrebatados por alguma situação, seja ela real, ficcional, ou imaginária. Significa que algo nos tocou de tal forma, que tudo o que dissermos será pouco e pequeno para explicar o que estamos sentindo. É quando o silêncio fala, e seu significado, aparentemente vazio, se amplia, e passa a se comunicar. Sim, o silêncio também é capaz de conversar, e de ter vez e voz.
Foi a partir desta constatação que o advogado e escritor Paulo Ouricuri escreveu seu terceiro livro, A Poesia nos Poentes do Silêncio (Ed. Novo Século), cujo lançamento está previsto para novembro deste ano.
A obra reúne 60 poemas versando sobre questões que permeiam a vida de todos nós, como a esperança, o infinito, o desassossego, o renascimento, a paz, o milagre e a realidade, o ontem e o agora. Uma variedade temática e estrutural tão grande, que se torna impossível não nos identificarmos e, por esta razão, nos conectarmos com a sua literatura.
Paulo Ouricuri, que também é autor dos livros A Triste História do Índio Juca e 50 Sonetos Reunidos, compôs suas poesias de tal forma, que o leitor passa a fazer parte de sua obra, ocupando o papel de protagonista e atuando diretamente sobre o texto, a ponto de ganhar contornos de coautor. Por isso, para definir o livro, é preciso antes definir o próprio leitor.
Paulo Ouricuri sabe da importância do silêncio para apreender e compreender novas formas de perceber o mundo. Afinal, em uma época onde as informações voam na velocidade da luz, e passamos nossos dias permanentemente conectados, sem sequer digerir tudo o que recebemos através da internet e dos meios de comunicação, o silêncio parece cada vez mais renegado e esquecido. Como se não tivéssemos mais tempo para calar, somente para falar e compartilhar, vamos perdendo nossa capacidade de avaliação, de reflexão, e somente consumimos: notícias, palavras, opiniões; sem pensar sobre elas, e sobre o que representam para nós. Assim, muitas vezes superestimamos o que pouco importa, e renegamos o que poderia fazer toda a diferença.
O terceiro livro do escritor carioca Paulo Ouricuri é um convite para reencontrarmos o silêncio através da poesia, uma vez que ela permite expandir nossa visão de mundo, e a forma como vemos e percebemos os outros, de maneira muito mais leve e agradável.
Uma obra que, através da reunião certeira de palavras, busca deixar o seu próprio leitor sem palavras. E consegue.
O lançamento do livro A Poesia nos Poentes do Silêncio será dia 10 de novembro, segunda-feira, a partir das 19 horas, na Livraria Saraiva do Shopping Rio Sul (Av. Lauro Muller, 116 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ).
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Editora Novo Século lança e-book do livro "A poesia nos poentes do silêncio", de Paulo Ouricuri
O livro "A poesia nos poentes do silêncio", de Paulo Ouricuri, agora está disponível nas versões física e digital.
O livro tem a seguinte sinopse:
"Como disse o poeta Manoel de Barros em um de seus poemas, é “difícil fotografar o silêncio”. Entretanto, cada verso constitui um repto ao silêncio. Mas o silêncio, que tudo expressa sem nada dizer, é por isso sempre mais eloquente do que qualquer discurso ou poema.
No entanto, quando as palavras se irmanam num poema bem elaborado, a faísca do lirismo esplende, fazendo com que a luz menor transcenda ao escuro maior, como diz o autor Paulo Ouricuri em um de seus versos.
O livro “A poesia nos poentes do silêncio” é uma coletânea de poesias, composta por poemas livres e metrificados. O poeta revela completo devotamento à criação de seus versos, imprimindo neles o refinamento de uma sinfonia executada harmoniosamente. Revivescências, reflexões sobre o lirismo, o amor, homenagens a Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Franz Kafka, todos estes temas estão presentes no livro.
Os poemas podem ser saboreados todos num só dia. Não enjoam nem engordam."
O livro pode ser encontrado nas suas versões física e eletrônica nas maiores livrarias do país.
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